“Deepfake” e o seu impacto na Política e na Pornografia

Hoje em dia, vivemos na era da tecnologia e esta evolui a um ritmo estonteante. Uma das tecnologias mais recentes que estão a dar que falar são as “deepfake”. De acordo com a definição da wikipedia, uma “deepfake” é “uma siglonimização de “deep learning” (aprendizagem profunda em inglês) e “fake” (falso em inglês), é uma técnica de síntese de imagens ou sons humanos baseada em técnicas de inteligência artificial.”

A pornografia e a política estão a ser as áreas mais afetadas por esta nova tecnologia. Em sites como o pornhub, esta tecnologia tem sido usada pelos utilizadores, para criar videos falsos de celebridades, na sua grande maioria mulheres, de carácter sexual sem o consentimento das mesmas. No que toca à política, já houve relatos de políticos que usaram vídeos “deepfake” de modo a difamar os opositores e, deste modo, mudar a percepção do público acerca das vítimas.

Estudo feito pela empresa Deeptrace

De acordo com um estudo feito pela Deeptrace, uma empresa Holandesa, uma grande parte dos “deepfakes” estão relacionados com vídeos pornográficos (96%), o que representa a esmagadora maioria dos 14.678 vídeos encontrados online em 2019. Estes vídeos “deepfake” pornográficos não são difíceis de encontrar na internet. Basta fazer uma pequena pequisa no Google ou outro motor de pesquisa, e rapidamente irá encontrar vários exemplos de diversos sites.

O efeito na pornografia

Como foi dito anteriormente, 96% dos vídeos “deepfake” são feitos para a pornografia. Normalmente, estes vídeos usam a cara de uma celebridade feminina num vídeo qualquer pornográfico. No início, este tipo de videos eram fáceis de encontrar nos sites mais populares como o pornhub, no entanto, esta tecnologia tem causado bastante controvérsia devido ao facto de a aparência das celebridades estar a ser usada sem o seu consentimento e também pelo tipo de conteúdo onde estão a ser usadas. Por essa razão, este tipo de vídeos são imediatamente eliminados dos sites com conteúdo xxx tal como o exemplo dado do pornhub.

O efeito na Política

No que toca à esfera da política, as coisas são um pouco mais complicadas. Giorgio Patrini, o presidente da Deeptrace, falou das repercussões que esta tecnologia já teve na política dando dois exemplos. O exemplo do Gabão e o exemplo da Malásia.

No caso do Gabão, Giorgio Patrini explicou que, a ausência do presidente do país, Ali Bongo, devido a questões de saúde, levou a que o governo Gabonês usasse a tecnologia “deepfake” para fazer um vídeo onde o presidente aparecia, de perfeita saúde, numa mensagem de Natal, algo que já era tradição. No entanto, este vídeo foi recebido com alguma apreensão por parte dos cidadãos do país, que imediatamente duvidaram da sua veracidade levando até a uma tentativa de golpe de estado por parte dos militares devido à estranha aparência do presidente no vídeo.

No caso da Malásia, o presidente da Deeptrace contou que, Azamin Ali, Ministro dos Assuntos Económicos, encontrou-se no meio de um escândalo sexual, com o aparecimento de um vídeo onde o mesmo estava numa relação sexual com um assessor de um político da oposição. O objetivo deste “deepfake” era o de destruir a sua carreira política.

Concluindo, este crescimento dos “deepfake” está a empurrar-nos para um mundo onde o vídeo e o audio já não são vistos como representações fiáveis da realidade. Algo que pode ser usado para influenciar a opinião pública de governos e/ou empresas.